Alguma vez você já tentou criar o laranja, o rosa ou o roxo usando guache vermelho? Pois é… se tentou, percebeu que não é uma tarefa fácil e acabou se frustrando por não conseguir o tom que queria.
Isso acontece simplesmente porque o vermelho não é cor pura. Ele é composto por amarelo e uma corzinha misteriosa chamada magenta, que é cor primária e pura.
O problema é que, até hoje, ensina-se nas escolas que o vermelho é cor primária e pedem tinta vermelha para o estoque das salas de arte, frustrando as crianças quando tentam misturar as cores para criar o laranja, o rosa e o roxo. Mas por que isso?
Na teoria moderna das cores, temos três sistemas de formação de cor: a síntese aditiva, a síntese subtrativa e a síntese participativa.
Síntese aditiva: Usada nas cores de luz, ou seja, formadas pela decomposição da luz branca. Suas cores primárias são o vermelho, o verde e o azul. É o sistema RGB (Red, Green e Blue) utilizado pelas telas eletrônicas, TVs, sistemas de projeção e sistemas de iluminação. A mistura das três cores primárias no sistema aditivo formam o branco.
Síntese subtrativa: usada nos pigmentos opacos, ou seja, na tinta grossa não diluída. Em teoria, suas cores primárias são o vermelho, o amarelo e o azul e a mistura dessas cores deveria resultar em preto, mas o máximo que conseguimos é um cinza escuro amarronzado. Esse sistema de cores de pigmento foi utilizado desde a arte rupestre até meados do século XIX, pois até o momento não era possível produzir a cor magenta de forma natural. Em 1856, William Perkin iniciou seus experimentos químicos e produziu o corante malva. A partir daí, outros químicos passaram a experimentar fórmulas diferentes até a criação da cor magenta (inicialmente chamada de roseína) pelos britânicos Chambers Nicolson e George Maule, em 1859.
Síntese participativa: usada para pigmentos transparentes ou feitos por mistura óptica. É o sistema das impressoras, da aquarela e das tintas aguadas, como ecoline e outras. Suas cores primárias são ciano, magenta e amarelo. Em teoria, a mistura dessas três cores resultaria em preto, mas o que temos é um “quase preto”. Por esse motivo, nas impressoras temos a adição do preto puro, formando o sistema CMYK, sigla para Cyan, Magenta, Yellow e blacK (usando o K para não confundir com o B de Blue). A utilização do preto puro torna possível a ampliação do efeito de profundidade e de sombras, além da melhor definição do preto e dos tons de cinza nas impressões.
Com a evolução dos processos de produção das tintas, passamos a usar como cores primárias de pigmento opaco, tanto na pintura como no design gráfico, as mesmas cores da síntese participativa, ou seja, ciano (azul claro), magenta e amarelo.
Voltando ao início deste texto, tente agora criar o vermelho usando as tintas magenta e amarelo, e o roxo usando magenta e ciano (ou azul claro). Muito mais fácil, não? Isso porque o vermelho não é cor pura.
A partir de agora você já sabe… quando solicitar material de arte na sua escola, peça tinta magenta e faça a experiência da mistura com seus alunos. Garanto que ninguém vai se frustrar! ;)
PS.: Nas minhas pesquisas para escrever este texto, encontrei um artigo muito bom sobre a história da cor magenta. Tomei a liberdade de extrair algumas curiosidades, mas você pode acessar o artigo completo aqui.
CURIOSIDADES SOBRE O MAGENTA
Em arte
Henri Matisse e os membros do movimento Fauvista usaram magenta e outras cores não tradicionais para surpreender os espectadores e mover suas emoções através do uso de cores ousadas.
Na astronomia
Os astrônomos relataram que as anãs do tipo spectral classe T (as com as temperaturas mais legais, exceto as anãs Brown Y descobertas recentemente) são magentas coloridas devido à absorção de átomos de luz de sódio e potássio na porção verde do espectro.
Em botânica
Em vexilologia e heráldica
Magenta é uma cor extremamente rara para encontrar em bandeiras heráldicas e brasões, uma vez que a sua adoção remonta a tempos relativamente recentes.
Por Vanessa Doria
https://www.hisour.com/pt/magenta-24103/#:~:text=A%20cor%20da%20magenta%20foi,primeiro%20tinte%20sint%C3%A9tico%20de%20anilina.
https://aartedekaligula.wordpress.com/2018/08/09/breve-resumo-da-historia-das-cores-e-tintas-naturais/
VAZ, Adriana. SILVA, Rossano. Fundamentos da Linguagem Visual. Curitiba: Intersaberes, 2016.






Excelente!!!!
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